sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A cor dos olhos da criança...


Nossa!

Como a vida é engraçada, há coisas que nos ocorrem que não parecem ser de verdade, uma sucessão de acontecimentos que não esperamos, não cogitamos, não sabemos, não vemos, não percebemos, não nada.

Esta semana um amigo, um bom amigo, disse-me que havia assistido um filme e queria me sugerir que o visse também.

Perguntei o nome do filme, e para minha surpresa ele falava do filme que mais amo, o meu filme: "O Fabuloso Destino de Amelie Poulain"!

Surpresa?

Disse a ele que não só o tenho como o ganhei de uma pessoa muito especial.

Então ele disse-me assim:
- Engraçado, achei que o filme tem a sua alma.

Não poderia ouvir, ou ler, palavras mais doces.

Hoje estava eu na minha rotina diária quando precisei resolver questões de adolescentes em crescimento, quando um deles, o meliante, olhou-me e disse:
- Eu só estava colocando cola nas mãos para tirar "pelinha", ele me incomodou e eu passei no cabelo dele sem querer, você já tirou "pelinha" de cola da mão?

Não consegui pensar em mais nada, e sorri, e precisei responder afirmativamente.

O filme da Amelie Poulain, não só traduz minha alma como traz à minha mente boas coisas de ser criança, coisas que perdemos quando crescemos. Por isso, ao ver o filme a cena que me ficou guardada no coração é exatamente esta, Amelie criança, enchendo sua pequena mão com cola e puxando a "pelinha", que se forma com a cola seca.

Quer melhor sensação do que a de sentir a "pelinha" saindo da mão, a insegurança da "pelinha" que pode romper se não tivermos precisão ao puxar a pontinha?

Quer melhor sensação do que olhar o céu e ver não só nuvens, ver formas, ver nuvens com formas que as nuvens podem ter, e que a gente pode ver, ou pode criar, ou pode acreditar?

Quer melhor sensação do que comer doce no dedinho, quando o doce tem a forma exata de caber, no dedo, na mão, na boca, no sorriso e no sabor?

Quer melhor sensação do que ver o mundo com cores da cor dos olhos da criança?

Sim, porque criança não vê as cores como nós acreditamos que elas são, criança vê as cores como elas podem ser, além do que elas são e intensas como as novas cores que a vida pode ter.

E você, já tirou "pelinha" hoje?
Está esperando o quê?

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Adulto olha o mundo e o complica. Criança olha o mundo e o transforma!

Obra:
Meninos Soltando Pipas
Cândido Portinati

Ele olhou para o lado e tudo o que viu foi a rabiola da sua pandorga, aquela mesma que ele levara dois dias para executar. Puxa vida! - Pensou ele no silêncio de suas palavras.- O que farei agora com os restos disso que sobrou aqui?

Ele correu até aquela casa e no vazio dos cômodos procurou novamente, poderiam ter sobrado pelo menos alguns pedaços de madeira. Procurou, procurou e nada!
Enfim, baixou a cabeça e saiu.

Logo que avistou ao longe duas crianças ele teve enfim a grande idéia:
É fácil, se sozinho não tinha mais vontade de fazer uma nova, com alguns bons amigos esta vontade iria surgir.

Pronto, correu até junto de seus amigos e apresentou a eles a boa idéia.
Uma boa idéia é a metade do caminho percorrido.

Dali a poucoas horas, o menino podia sentir o vento soprar sobre aquela belezura de pandorga, a mais bela de todas que já havia visto, seu olho fechava com a intensidade do vento, como se seu corpo fosse uma parte da rabiola e como se pudesse sentir a brisa soprando e o levando para todas as direções.

O mundo naquele dia para o menino não era nada, porque o mais importante do mundo era o vento que soprava e a pandorga que pra todo lado voava.

O menino não sabia, mas a imaginação é parte da criação da vida, e a vida, esta, é pura transformação, todo dia!

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Nada, nada!



Percebi, logo pela manhã cedinho, que abrir os olhos seria um sacrifício, olhei o dia e nada parecia muito azul: nada de céu azul, nada de sol azul, nada de verde do azul, nada de nada de azul.
Sabia de uma coisa, o dia estava ai, não estava azul, e nada de nada adiantaria esperar uma mudança.
Ta aí!
Mudança?
Para que serve esta palavra?

Etimologicamente:

mu.dan.ça sf (mudar+ança Alteração, modificação, variação.) 1 Ação ou efeito de mudar. 2 Ação ou efeito de fazer passar ou transportar alguém ou alguma coisa de um lugar para outro. 3 Os móveis que se mudam. 4 Variação das coisas de um estado para outro. 5 Modificação ou alteração de sentimentos ou atitudes. 6 7 Substituição. 8 Mec O mesmo que câmbio de velocidade. sf pl Ling Transformações que se verificaram numa língua ao longo do tempo e constituem a sua história. M. de estado: passagem de uma substância de um estado físico (sólido, líquido, gasoso) a outro. M. de velocidade: a) o mesmo que câmbio de velocidade; b) alteração da velocidade mediante o câmbio de velocidade.

Tenho cá minhas dúvidas, mas mudança, de mudança mesmo, não há.
Podemos até mudar de casa, mesmo não sendo tartaruga, mas mudar de mudar, de modificar, não. Demorei, como semrpe, demorei, mas aprendi: mudar não muda!
Amanhã vou brincar de mudar, para ver o que dá, se me encontrar já sabe, estou mudada...
...mas...
Será que muda?
O ser que muda?
O ser humano que muda?
O ser humano muda?
Ou a muda que o ser humano?