quarta-feira, 16 de abril de 2008

Para o artista


Obra: Venâncio Domingos

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca". Clarice Lispector

Não há nada para entender, a quem entender é o que me importa, e a pessoa certa há de entender.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Menina bonita do laço de fita


"- Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?

A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina...
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.
Ficou negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez."
Menina bonita do laço de fita, texto de Ana Maria Machado.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Contar histórias, olhar a vida!

Se o prazer pudesse ser traduzido em palavras, elas seriam estas: Contar histórias!
Há quem diga que esta é uma arte milenar, há quem diga que é passado de geração em geração, isso tudo não sei, mas sei do que vivo.
Há em cada um olhar o indizível, há em cada sorriso o inefável e há em cada expressão a mágica.
Hoje pela manhã contava histórias e o que se passou foi assim:

- Ah, eu não quero ouvir histórias.
- Porque não?
- Isso é coisa de criança.
- Faremos assim, você ouve a primeira história se ela acabar e você ainda acreditar que é coisa de criança e não quiser mais participar, você poderá sair sem problemas, o que achas deste combinado?
- Tá, pode ser.
Contei a história: "Chapeuzinho Amarelo", texto de Chico Buarque, ao final o diálogo continua.
- Você deve ser mágica, porque é bom fechar o olho e imaginar que pode ser verdade.

Mais nada para hoje, fica-me a certeza de que mais mágica que a história é a vida, que nos trás surpresas a cada palavra.

domingo, 13 de abril de 2008


Minha Mãe sempre me diz - Ocupe-se com você e com sua vida.

Demorei e aprendi.

Ocupo-me muito mais agora em ver as cores do dia que nasceu, em ver o sorriso dos que me querem bem e principalmente de ver os desejos que deixei guardados enquanto não estava em mim.

sábado, 12 de abril de 2008

INDIVISÍVEIS

O meu primeiro amor e eu sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos.
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos olhos dela,
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso
E a mesma animal - ou celestial - inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que diséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único amor sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
Que eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida...

Mário Quintana